Agrupamento Inusitado de Raias Encanta Banhistas na Praia Central de Guaratuba
- 09/10/2024
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Agrupamento Inusitado de Raias Encanta Banhistas na Praia Central de Guaratuba
Registro do fenômeno foi realizado por Rodrigo Reis, professor de Biologia da UFPR. Foto: Reprodução/Rodrigo Reis.
No último domingo (6), um fenômeno natural surpreendeu os banhistas da Praia Central em Guaratuba, litoral paranaense. Um grande grupo de raias foi avistado nadando em águas rasas, onde aparentemente os animais estavam se alimentando. O momento foi registrado por Rodrigo Reis, professor de Biologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador de Educação Ambiental do Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (Rebimar).
Rodrigo, que estava na praia acompanhado por sua família, descreveu a surpresa do momento. Seus filhos, ao entrarem no mar, foram os primeiros a notar a movimentação incomum na água e logo correram para avisar o pai. “Meus dois meninos disseram que havia um monte de peixes. Quando me aproximei, percebi que eram centenas de raias. Eu morei por quase uma década em Guaratuba e nunca tinha visto nada parecido”, relatou o professor. A primeira reação de Rodrigo foi instruir os filhos a respeitarem os animais, evitando qualquer tipo de contato.
O vídeo capturado por Rodrigo mostra as raias agrupadas em uma área rasa, aparentemente sugando algo do fundo do mar. Segundo sua avaliação, é possível que os animais estivessem se alimentando de pequenos moluscos ou microconchas. O fato da praia estar quase deserta naquele momento pode ter deixado os animais mais tranquilos e confiantes para se aproximarem da areia.
Comportamento das Raias e Cuidados dos Banhistas
Eloísa Pinheiro Giareta, especialista em raias e tubarões e também integrante do Rebimar, esclareceu que o grupo observado em Guaratuba pertencia à espécie conhecida como raia-ticonha ou raia-cachorro. De acordo com Eloísa, duas espécies do gênero Rhinoptera são comuns na região: Rhinoptera bonasus e Rhinoptera brasiliensis. No entanto, para diferenciá-las com precisão, seria necessário um exame mais detalhado das placas dentárias, algo impossível de ser feito apenas pela observação externa.
A pesquisadora acrescenta que as raias avistadas eram juvenis e estavam possivelmente se alimentando. “É comum que essas raias formem grandes grupos, especialmente durante momentos de alimentação”, explicou Eloísa. Embora a aproximação à linha da água seja algo raro, o comportamento não é considerado perigoso, desde que os banhistas mantenham uma distância segura.
Eloísa destacou ainda a importância de tomar precauções. Apesar de as raias não serem naturalmente agressivas, elas possuem um ferrão na cauda que pode causar ferimentos graves se sentirem ameaçadas. “O mais importante é evitar qualquer contato direto com os animais. Mantendo a distância, não há risco de ataques”, aconselhou.
Relação com o Ambiente e a Importância da Preservação
O comportamento inusitado das raias pode estar relacionado às condições ambientais e à baixa presença de banhistas na praia no momento do avistamento. A ausência de movimento humano intenso possivelmente permitiu que os animais se sentissem à vontade para se alimentar mais próximos à faixa de areia. Situações como essa reforçam a importância de preservar os ecossistemas marinhos e de manter uma relação de respeito com a fauna local.
O Rebimar, programa do qual Rodrigo Reis e Eloísa Pinheiro fazem parte, é uma iniciativa coordenada pela Associação MarBrasil que visa a recuperação da biodiversidade marinha, a conservação dos ambientes costeiros e a proteção dos estoques pesqueiros. O programa utiliza recifes artificiais como uma ferramenta fundamental para promover a recuperação e preservação da vida marinha, ações que contribuem para a proteção de fenômenos naturais como o presenciado em Guaratuba.